terça-feira, 25 de maio de 2010

Sobre o Amor...

Prometi falar somente de coisas simples no blog. E cá estou, traindo metade da minha promessa, e falando do AMOR. Nada mais simples - e mais complexo - que o amor, certo?

Simples porque a gente não faz força pra sentir, ele vem e pronto. E complexo por ser indefinível, por não dar pra mensurar.

E amor de mãe (e de pais que são também são "mães"???) Consegue ser ainda maior que qualquer definição de infinito?

Minha mãe disse n'outro dia que leu uma crônica da Lya Luft que era exatamente o que ela tinha a dizer às filhas - eu e mais duas - na Veja. Transcreveu de próprio punho e no meio da correria de mala, aeroporto, me deu para que eu lesse, bem dobradinho, em folhas de papel reciclado. Ontem, antes de dormir, lembrei do papel tão bem dobrado e resgatei da bolsa para ler. Não consegui conter o choro.

E aí hoje eu acordei pra trabalhar e disse arfando: "Nossa, mais um dia!". E depois passei por um amigo desempregado, passei por uma pessoa andando de muletas e passos curtos por estar com uma doença na perna e passei por uma obra cheia de pessoas que trabalham muito e ganham pouco e ainda por um guarda que não respondeu o meu Bom Dia, porque de certo não tem boa educação. E repensei o meu bufar por mais um dia, porque mesmo quando tudo está ruim, tenho uma família que tem peso master do outro lado da balança.

E você, como é sua relação familiar? Já disse que ama a quem você ama?
A canção de qualquer mãe


"Filhos, vocês terão sempre me dado muito mais do que esperei ou mereci ou imaginei ter"

Que nossa vida, meus filhos, tecida de encontros e desencontros, como a de todo mundo, tenha por baixo um rio de águas generosas, um entendimento acima das palavras e um afeto além dos gestos – algo que só pode nascer entre nós. Que quando eu me aproxime, meu filho, você não se encolha nem um milímetro com medo de voltar a ser menino, você que já é um homem. Que quando eu a olhe, minha filha, você não se sinta criticada ou avaliada, mas simplesmente adorada, como desde o primeiro instante.

Que, quando se lembrarem de sua infância, não recordem os dias difíceis (vocês nem sabiam), o trabalho cansativo, a saúde não tão boa, o casamento numa pequena ou grande crise, os nervos à flor da pele – aqueles dias em que, até hoje arrependida, dei um tapa que ainda agora dói em mim, ou disse uma palavra injusta. Lembrem-se dos deliciosos momentos em família, das risadas, das histórias na hora de dormir, do bolo que embatumou, mas que vocês, pequenos, comeram dizendo que estava maravilhoso. Que pensando em sua adolescência não recordem minhas distrações, minhas imperfeições e impropriedades, mas as caminhadas pela praia, o sorvete na esquina, a lição de casa na mesa de jantar, a sensação de aconchego, sentados na sala cada um com sua ocupação.


Que quando precisarem de mim, meus filhos, vocês nunca hesitem em chamar: mãe! Seja para prender um botão de camisa, ficar com uma criança, segurar a mão, tentar fazer baixar a febre, socorrer com qualquer tipo de recurso, ou apenas escutar alguma queixa ou preocupação. Não é preciso constrangerem-se de ser filhos querendo mãe, só porque vocês também já estão grisalhos, ou com filhos crescidos, com suas alegrias e dores, como eu tenho e tive as minhas. Que, independendo da hora e do lugar, a gente se sinta bem pensando no outro. Que essa consciência faça expandir-se a vida e o coração, na certeza de que aquela pessoa, seja onde for, vai saber entender; o que não entender vai absorver; e o que não absorver vai enfeitar e tornar bom.


Que quando nos afastarmos isso seja sem dilaceramento, ainda que com passageira tristeza, porque todos devem seguir seu caminho, mesmo que isso signifique alguma distância: e que todo reencontro seja de grandes abraços e boas risadas. Esse é um tipo de amor que independe de presença e tempo. Que quando estivermos juntos vocês encarem com algum bom humor e muita naturalidade se houver raízes grisalhas no meu cabelo, se eu começar a repetir histórias, e se tantas vezes só de olhar para vocês meus olhos se encherem de lágrimas: serão apenas de alegria porque vocês estão aí. Que quando pareço mais cansada vocês não tenham receio de que eu precise de mais ajuda do que vocês podem me dar: provavelmente não precisarei de mais apoio do que do seu carinho, da sua atenção natural e jamais forçada. E, se precisar de mais que isso, não se culpem se por vezes for difícil, ou trabalhoso ou tedioso, se lhes causar susto ou dor: as coisas são assim. Que, se um dia eu começar a me confundir, esse eventual efeito de um longo tempo de vida não os assuste: tentem entrar no meu novo mundo, sem drama nem culpa, mesmo quando se impacientarem. Toda a transformação do nascimento à morte é um dom da natureza, e uma forma de crescimento.


Que em qualquer momento, meus filhos, sendo eu qualquer mãe, de qualquer raça, credo, idade ou instrução, vocês possam perceber em mim, ainda que numa cintilação breve, a inapagável sensação de quando vocês foram colocados pela primeira vez nos meus braços: misto de susto, plenitude e ternura, maior e mais importante do que todas as glórias da arte e da ciência, mais sério do que as tentativas dos filósofos de explicar os enigmas da existência. A sensação que vinha do seu cheiro, da sua pele, de seu rostinho, e da consciência de que ali havia, a partir de mim e desse amor, uma nova pessoa, com seu destino e sua vida, nesta bela e complicada terra. E assim sendo, meus filhos, vocês terão sempre me dado muito mais do que esperei ou mereci ou imaginei ter.

Muitos beijos de mãe.

Este trecho, ou melhor, esta canção que Lya Luft escreveu, traz toda a emoção que sinto por ter sido privilegiada por Deus em ter recebido vocês como filhas, amigas, irmãs.

A vocês, que tenho certeza, levam muito de mim em sua essência, em seu caráter, em sua beleza interior, quero muito agradecer por todo carinho, por toda a força e amor. Obrigada por me incentivar a seguir em frente sempre.

Que a Luz de Deus esteja sempre a iluminar vossos caminhos.

Dá pra entender porque estou sempre sorrindo?!

4 comentários:

Lu Tavares disse...

Que lindo Be!!!
Parabéns pela família linda e especial.
beijão

Unknown disse...

amor de mãe, dor de mãe, amor de filho - nada se iguala a isso! Além de lindo, o texto é tão humano, aponta fraquezas maternais muito naturais, que às vezes os filhos não veem ou não querem ver...
Bjs
Vi

Juliana Lessa disse...

Não consegui ler tudo porque já me emocionei no início do texto! Leio de casa... rs.
Engraçado que hoje de manhã estava mesmo pensando nisso, em como é importante ter uma base forte em casa, de família.

Amei o post.
Amo vc amiga!!

Rachel Ribeiro disse...

Irmã, adoreiiiii seu blog!!! Estou na correria por aqui, mas agora ficarei de olho em voce por aqui, ok??
Te amoooo!

beijos